Fraga de Fonte de Seixas

A fama da Fraga de Fonte de Seixas provém das figuras rupestres aí encontradas, embora alguns historiadores contestem a ausência de registos da passagem de povos pré-romanos no local e apontem antes para figuras já de uma era cristã.

O complexo de gravuras centra-se em três penedos aos quais se associam alguns elementos gravados em pequenas rochas que circundam o epicentro desse conjunto. O local tem sido classificado como um possível santuário com um tipo de representação artística que poderá ser inserida na Idade do Bronze Final ou mesmo na Idade do Ferro. Tal enquadramento cronológico deverá merecer uma reflexão mais fundamentada, uma vez que não existe qualquer documento material ou estratigráfico extraído no local que permitam avançar cronologias fidedignas.

A arte rupestre da Fonte Seixas parece evidenciar, mais do que qualquer outro núcleo de arte rupestre detectado no concelho de Carrazeda de Ansiães, alguns elementos característicos de uma fase cristã, revelando um significativo número de motivos que poderão ser enquadrados na panóplia dos símbolos com um significado aparentemente religioso.

As fragas gravadas de Fonte de Seixas revelam um expressivo conjunto de representações que à falta de melhor designação ou terminologia denominaremos de "terços" ou "rosários", uma vez que o resultado final do agrupamento de covinhas associadas constantemente a um cruciforme nos sugere a imagem desse tradicional símbolo cristão que, como é sabido, surge a partir da Idade Média, altura em que os frades dominicanos por volta do séc. XIV introduzem o rosário para facilitar a prática religiosa entre os que não sabiam ler. Todos esses motivos se estruturam a partir de uma série de pequenas fossetes (covinhas) circulares homogéneas que criam vários conjuntos de configuração ovalada e sistematicamente encimados por uma cruz. Tais representações distribuem-se em séries repetitivas e estão presentes na maioria das rochas gravadas. Além destes conjuntos, estão patentes as tradicionais ferraduras, os círculos, as fossetes e várias tipologias de cruciformes.

Embora ainda em estudo, e tendo sempre presente a dificuldade e a responsabilidade de aventar hipóteses interpretativas em relação ao significado e à cronologia destas gravuras, pensamos que pelo menos a maioria dos motivos representados se deverão incluir num horizonte cronológico mais recente, que poderá oscilar entre a Idade Média e a Idade Moderna, embora não possa ser descorado um conjunto de outras representações, aqui também presentes, que poderão ser ancoradas num horizonte cronológico bastante mais antigo.

 

A "cadeira" de Nossa Senhora

Noutro ponto da freguesia há uma curiosidade geológica que deu origem a uma lenda. Diz-se que Nossa Senhora, tendo aparecido no cimo da serra, ter-se-á sentando numa cadeira natural esculpida na rocha, pedindo que lhe construíssem uma capela. O povo quis levá-la para a igreja, entendendo ser local mais apropriado, mas Nossa Senhora voltou ao cabeço do monte. Como isto se repetiu sem que o povo construísse uma capela, a Senhora foi para o cabeço de Vilas Boas, onde o seu desejo foi concretizado e onde, a 15 de Agosto, se realiza uma romaria muito concorrida.

Por baixo do tal assento existe um túnel natural, entre dois grandes pedregulhos, que era usado pelas crianças para demonstrarem coragem e destreza, bem como uma pedra bolideira, que com jeito qualquer um consegue balançar.

 

Património religioso

A igreja de Parambos é tão antiga que os populares preferem medir os três séculos já decorridos desde o restauro de 1709, data esculpida na pedra superior da porta do templo. Segundo essa inscrição, a reforma foi patrocinada pelo padre António de Sousa Pinto. Uma segunda campanha de obras, entre 1756 e 1758, parece ter privilegiado a talha e a teorização hagiográfica expressa na pintura de numerosos caixotões, sendo bem visíveis no tecto, apesar dos séculos decorridos, as pinturas de Santa Christina, Santa Joana de Portugal, Santa Maria Madalena e Santa Suzana.

Da planta rectangular evidencia-se unicamente o volume da sacristia e o presbitério tem menor largura do que a nave. A linha recta e a superfície plana definem a personalidade artística do portal principal que seria encimado por um óculo moldurado na metade superior. Pirâmides com bolas prolongavam as pilastras das esquinas e enquadravam o plano do prospecto principal em que as empenas oblíquas convergem para o arranque da sineira com dois olhais e remate recto.

Também as capelas de Misquel e de S. Pedro merecem uma visita.

 

Aldeia de "leões"

Parambos é também conhecida como "a aldeia mais sportinguista de Portugal", conforme se pode ser nas faixas afixadas em diversos pontos da localidade. Também junto aos portões e nos muros se encontram com facilidade felinos de diversos tamanhos.

A tudo isto não é alheia a actividade da principal agremiação da freguesia, o Sporting Clube de Parambos. Fundado a 1 de Outubro de 1937, é a filial n.º 87 do Sporting Clube de Portugal. Em 1989, o então presidente do clube lisboeta, Jorge Gonçalves, deslocou-se a Parambos acompanhado de mais de meia centena de pessoas, incluindo jogadores da equipa principal, em reconhecimento da devoção "leonina" da aldeia. Quando o Sporting Clube de Parambos fez 70 anos recebeu a visita duma comitiva do Sporting que integrava algumas velhas glórias do clube, como Hilário e Fernando Mendes.